agosto 13, 2005

E se...




















do poeta Zé da Luz
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E se um qualquer desiludido de amor fosse ao céu
dar duas navalhadas e enchesse isto de virgens? hein? hein?
Boas Férias!!!!!

agosto 11, 2005

Rosto




















O sol vai alto
um raio atravessa a cortina
aloja-se na almofada
e ela fica deitada ao meu lado

Acordo extremunhado
as teias de aranha do sono
enrodilhadas nos botões
que comandam a minha vontade

Quero balbuciar uma palavra
mas apenas sai um pequeno som
esfarrapado e tremido
quase parecido com o seu rosto

Esfrego um olho
e soergo-me num cotovelo
quero-te ver e tocar e sentir
mas o teu rosto rendilhado
projetado na minha inconsciencia
vai sumindo devagarinho

Desapareceu a luz
calou-se o som
restou a penumbra
e o cheiro
ah como cheiras bem!...

agosto 10, 2005

Flor




















É uma pérola no cimo de uma haste de metal puro
adornada de alongados filamentos
a que vulgarmente damos o nome de flor.

É um enfeite num ramo de noiva
é uma risada de criança no canto de uma sala
é um espinho na garganta de um defunto,
uma mortalha na campa do cemitério.

Foi-se o inverno e veio a primavera
e o meu quintal,
mergulhado na solidão dos dias cinzentos,
esqueceu-se de sorrir para mim.

Verde, amarelo, azul, laranja, encarnado...
e o meu quintal
fez concorrencia ao arco iris
que no céu se desenhou.
Travaram uma batalha muda,
feita de cores cintilantes
que se misturavam freneticamente
ao sabor das ondas do vento.

A noite caiu.

E as hastes de metal puro
susteram com a sua pequena posse
as pérolas preciosas que,
de cansaço, adormeceram,
enquanto os alongados filamentos
receberam na pele fina
as primeiras gotas de orvalho.

Mar Azul

(da autoria de Trenga, que o
escreveu aos 17 anos, no tempo
da Maria Caxuxa, e mo passou hoje
com muito carinho)

agosto 09, 2005

Chorar







Choramos ao nascer
porque chegámos
a este imenso cenário
de dementes.

(William Shakspeare)

agosto 06, 2005

Dançando na Lua












Embrulhados numa suave melodia
mão na mão
rodopiando sem parar
Passos devidamente marcados
numa cadencia regular
Adrenalina a fluir
nos corpos cansados
Olhos semicerrados
pelo brilho intenso do luar
Corações a galope
num imenso tropel
Peitos arquejantes
a arfar
Ouvidos atentos
ao som que escorre
Cinturas a bambolear
a compasso
Cheiro quente de suor
que brilha na pele
O mundo esquecido
numa doce letargia
A quimica do amor a funcionar
Os amantes a amar
numa noite de magia

agosto 04, 2005

Estou aqui




















Estou aqui, agora, assim...
Sem falar em solidão
Não sei bem porque vim
Nem se vou ficar ou não

Não posso falar em saudade
Ou em dias de desespero
Quero estar aqui, por mim
E não falo em sonhos por realizar
Mas pensando em ti, e nas tuas palavras
Já sei porque vim, e sim, vou ficar!

agosto 02, 2005

As palavras que nunca te direi













Recordo o momento no tempo
com carinho
A ansiedade de ter algo teu
que fosse meu
A curiosidade da mensagem
por desvendar
A razão para buscar palavras
e dizer
Que tu eras o meu mar...